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EXPERIÊNCIA COM GRUPOS: o que o olhar do outro é capaz de fazer por nós

  • Foto do escritor: Diálogos Humanistas
    Diálogos Humanistas
  • 18 de fev. de 2020
  • 2 min de leitura

Por Iolanda Aguiar e Oliveira

28/02/2020

Meu primeiro grupo de encontro foi uma experiência verdadeiramente intensa e reveladora. Eu acreditava que eu sairia de lá sem ter falado nada a meu respeito. Ledo engano. Antes de mais nada, eu não sabia o quanto eu precisava falar. Depois, eu não sabia o quanto eu precisava ser acolhida naquele momento. Quando a gente se depara com tanta gente ao nosso redor, pode parecer uma experiência ameaçadora. Mas quando todas essas pessoas estão abertas e dispostas a nos aceitar e nos compreender e desejosas por nos ajudar a nos libertar do que quer que nos machuca, nós nos encorajamos ao risco de nos expor e descobrimos a potência dessa experiência de aceitação.

Na condição de terapeuta, experimentar essa aceitação, esse acolhimento, essa compreensão me favoreceu o desenvolvimento dessas capacidades. Ao experienciar tudo isso, eu também aprendi a como ofertar tudo isso.

Os grupos, qualquer que seja a natureza deles, nos permitem entrar em contato com diferentes histórias. Nós que vivemos a era do virtual e das redes sociais, temos raras oportunidades de conhecer uma pessoa sem máscaras. Os grupos condensam várias histórias sendo contadas simultaneamente e despertadas pelas semelhanças e também pelas diferenças que as pessoas carregam. Além de compartilharmos a nossa história e de acolher a história dos outros, também construímos uma história comum.

Depois de participar do meu primeiro grupo de encontro, frequentei todos os outros que me apareceram pela frente durante anos. Lembro de cada um. Cada um trouxe para perto de mim uma nova pessoa e nossa relação já nascia na autenticidade que os grupos de encontro possibilitam. Ou seja, não é apenas uma experiência que fica na memória e carrega consigo uma carga emocional intensa. É uma experiência que reverbera, que transforma.

Os grupos provocam em nós a necessidade de sermos compreendidos. Em função disso, aperfeiçoamos a capacidade de comunicação das nossas experiências, das nossas vivências, da pessoa que somos. Isso nos faz apropriar da nossa identidade e nos fortalece à tendência a sermos mais autenticamente quem somos.

O fato de nos sentirmos convidados a ouvir as pessoas, nos desperta a capacidade de empatia. Nos colocamos numa posição de abertura tão grande, que somos capazes também de viver a emoção que o outro revela. Nos tornamos aptos a ver a história dele pelos olhos dele.

Chegamos com as defesas armadas: outros mais, outros menos. À medida que as pessoas se abrem e percebemos a abertura do grupo para recebê-las, nos encorajamos a nos colocar. E mesmo que a gente decida ficar todo o tempo em silêncio, o grupo acolhe, cuida e respeita o nosso silêncio. Ninguém fica de fora. Ao final, o desejo é sempre de continuidade. A gente fica querendo que dure uma semana, que aconteça com frequência, que a gente não se separe. E aí, nos dias seguintes, vivemos a saudade do que foi, uma espécie de ressaca sem mal estar nem dor de cabeça. Apenas aquele retorno constante ao que foi vivido somado ao desejo de fazer essa experiência de aceitar e ser aceito se infiltrar no nosso dia a dia.

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